Antracnose é pesadelo para produtor de sorgo; saiba como proteger sua plantação
A popularidade do sorgo é bastante alta em todo mundo. Usado como grão na plantação e como forrageiro para alimentação de animais, ocupa o posto de quinto cereal mais produzido no planeta. No Brasil, houve aumento de 168% dos hectares plantados ao longo de 10 anos em todo território nacional, de acordo com a Embrapa.
Entretanto, esse aumento expressivo merece atenção maior do produtor. Isso porque, a cultura é suscetível a desenvolver doenças que podem afetar o desenvolvimento da plantação. Uma delas é a antracnose, que leva à perda de até 80% da produtividade.
Inicialmente descoberto em Togo, no oeste da África, no começo do Século XX, não demorou a antracnose atravessar o Atlântico e chegar aos Estados Unidos. Em 1912, houve o primeiro relato no Texas, para depois se espalhar aos outros continentes.
O que é antracnose
Causada pelo parasita Colletotrichum graminicola, a antracnose é uma doença extremamente comum em cultivos de sorgo. Ela é encontrada em praticamente todas as áreas que possuem plantio no Brasil – o primeiro registro aconteceu em 1934, em São Paulo.
O clima quente e úmido favorece seu aparecimento, pois a disseminação ocorre normalmente pela chuva e o vento. É bastante comum o surgimento em regiões de trópico semiárido e úmido, além daquelas de clima temperado, mas que apresentam altas temperaturas no verão. Por isso, é frequentemente encontrado na África, Ásia e Américas do Norte, Central e do Sul, lugares conhecidos pela sua produção.
As preocupações são ainda maiores devido ao potencial de afetar o desenvolvimento do sorgo em diferentes etapas do seu crescimento. Há a capacidade de interferir desde os primórdios, passando pelas folhas até chegar aos grãos.
Sintomas no sorgo
Quando ocorre nas folhas, a antracnose se caracteriza por lesões necróticas de coloração amarronzada ou avermelhada. Perceptíveis a olho nu, elas possuem formato alongado e, com o tempo, podem aumentar e acometer totalmente as plantas.
Já no momento em que atinge o colmo da plantação de sorgo, os sintomas são um pouco diferentes. Aparecem inicialmente logo após a polinização através de lesões encharcadas e estreitas, de coloração vermelha, que pode se tornar preta ao decorrer do tempo. Isso ocorre devido à desintegração dos tecidos internos.
Ciclo da doença
O parasita responsável por causar a antracnose é extremamente resistente, por isso é capaz de sobreviver por até 18 meses fora do hospedeiro, em restos de cultura na superfície. Entretanto, ele é incapaz de resistir quando fica abaixo do solo, pois sofre com a degradação por microrganismos presentes na microflora.
Proteção ao sorgo
Existem duas formas de fazer o controle de antracnose em seu cultivo: o químico e o não químico. O primeiro se dá através da utilização de defensivos agrícolas para combate ao parasita. Entretanto, pode trazer danos ao solo e ao meio-ambiente.
Já o controle não químico apresenta diferentes maneiras para você tentar livrar sua plantação de sorgo do problema. Uma delas é optar por cultivares geneticamente resistentes. O problema é que o parasita apresenta alta variabilidade.
Outras técnicas comuns que não possuem a interferência de agentes químicos são a rotação de cultura, eliminação de restos culturais e plantas hospedeiras. Elas permitem a redução do inóculo inicial e consequente controle da doença.